Já posso pensar no vestido?
Acho que sim. Por que não poderia?
Agorinha vi algo do Carpinejar que dizia: "Não sei lidar bem com a expectativa, mas também não sei viver sem ela.". Nem sei explicar em quantos níveis me identifiquei com essa frase.
A expectativa me mata, mas não sei viver assim... nas horas desse dia, na mais ou menos noção do amanhã. Não sei viver de fatos. Então me deixa sonhar, por favor!
Diante da realidade arroz com feijão, deitei minha cabeça sobre o travesseiro, fechei os olhos e lá estava eu sentada na bancada da cozinha recebendo um envelope pardo, do Rio de Janeiro.
Abri aquele envelope e, meu Deus, dentro dele estava um convite de formatura, convite pro baile, o baile dele! Sim, dele mesmo.
Junto ao convite, uma passagem pra Teresópolis e um bilhete. Algo como: "esse dia não seria completo sem você nele, me acompanha?"
Daí já me vi chorando abraçando o convite, correndo atrás do vestido de gala, pela ansiedade com certeza perderia uns bons quilos, perfeito! rs. Arrumei as malas, já estou na poltrona do avião com os fones de ouvido e os olhos grudados na janela. Cheguei. Olha você ali encostado no carro, como você tá lindo! Veio me buscar, pegou as malas e levou pro carro perguntando como tinha sido o percurso.
Daí já estamos chegando na sua casa, a mesma que fiquei nas boas vezes em que fui visitá-lo. Sim, eu aceitei ficar com você na sua casa no grande dia.
Daí já pulo pra parte que mais me queima por dentro, me arrumei, estou deslumbrante, dessa vez (só) pra você. Abri a porta e fui pra sala, você... ali... de terno... esperando por mim. Me olhando admirado, quem sabe te vendo me olhar assim eu não consiga sentir um pouquinho da reciprocidade que sempre tenho quando estou ao seu lado (saudade).
De resto, me vejo chegando com você ao baile, de mãos dadas. Estão seus pais, primos, tios, amigos, as duas avós. Finalmente... dançando com você, conversando, bebendo. Sem pressa, é nosso momento. A tão esperada valsa dos namorados...
Aqui estou ouvindo Maria Gadú, aquele DVD que ouvimos no carro a caminho das nossas tantas primeiras vezes.
Eu invento o momento... isso pode existir.
Essas invenções não tem me machucado. De tão (im)possíveis elas me servem como um momento de fuga da realidade. Como um filme bom... uma história bonita. Essa história eu posso incrementar com o que eu quiser, o tom, o gesto, o arranjo da mesa, tudo ao meu gosto.
Só me machuca pensar que eu posso ter feito isso com mais coisas na minha vida. Que todos esses anos também tenham sido criação minha. Que no fundo você tenha vivido todos os dias, e eu tenha sido uma lembrança corriqueira dos tempos de sempre, ou "o menino que gostou de mim, quando eu precisar de um pouco de atenção ele estará lá pra me confortar, me passar a sensação de que alguém nesse mundo me ama e me admira, nunca estarei sozinha." Me desculpa? Você se tornou muito mais que isso.
Essa segunda parte do post eu ignoro, estou bem, isso é coisa da Maria Gadú me confundindo kkkkkk
Minhas cenas criadas ainda vão salvar muitas horas de tédio. Ainda vou meticular a dança do baile, as próximas conversas com a sua mãe (das várias em que ela me chama pra dormir na casa de vocês e não voltar dirigindo de madrugada), as conversas na volta do baile, o almoço do dia seguinte no clube, o passeio pra (re)conhecer a cidade, a despedida no aeroporto de volta... Ih... é daí pra pior :P
Férias do trabalho, meu bem. Tenho as horas do dia todas pra mim, de começo, escolho o travesseiro velho :) Vejamos o que será do resto.
Boa noite!
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